segunda-feira, 19 de abril de 2010

A Regra do Amor



"Tudo quanto, pois, quereis que os homens vos façam, assim fazei-o vós também a eles; porque esta é a lei, e os profetas". É conveniente que prestemos alguma atenção especial a Mateus 7:12,
A "regra de amor" veio a ser identificada de um modo especial com Jesus, mas o Senhor aqui a descreve como a verdadeira essência da "lei e dos profetas" (note Romanos 13:9-10).
Memorável como é, esta passagem não abre nenhum novo assunto ético, mas é simplesmente uma reafirmação de Levítico 19:18: ". . . amarás a teu próximo como a ti mesmo." Mas, se o mandamento para fazer aos outros o que quisermos que eles nos façam não é excepcional para Jesus, há certamente uma intensidade especial que ele lhe dá, pelo exemplo forte de seu próprio amor: "Novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros; assim como eu vos amei. . . ." (João 13:34).
Talvez a primeira coisa que precisa ser notada, sobre a "regra de amor", é que ela nos compele a tratar os outros começando por nós mesmos. Não devemos determinar nosso tratamento aos outros olhando para eles e perguntando o que eles merecem, mas iniciando conosco mesmo e perguntando o que nós quereríamos e necessitaríamos. Os filhos de Deus devem usar o seu entendimento de interesse próprio inato, para aprender como tratar os outros de um modo gracioso e amável. Como, precisamos perguntar, desejaríamos ser tratados se estivéssemos nas mesmas circunstâncias que agora enfrentam nosso companheiro? Que bem esta simples regra de conduta penetra nossos subterfúgios para nos justificarmos! Subitamente, para o coração humilde, o caminho se torna notavelmente claro.
Mas se é assim, por que é que mais pessoas não praticam este princípio que haveria de, tão obviamente, revolucionar o mundo? Basicamente, porque muitas pessoas são egoístas e egocêntricas. Todos os esforços para alterar os homens, educando-os pela "regra de amor", têm falhado porque os objetos destes esforços repressores continuam a ser essencialmente egoístas. Somente quando aquela velha tendência a servir-se a si próprio for interrompida é que os homens se libertarão para tratar os outros da maneira como gostariam de ser tratados.
Como então os homens vão ser liberados de seu básico egoísmo e ficarem livres para ver os outros como eles vêem a si próprios? Olhando primeiro para Deus. Nossa fascinação por nós próprios só pode terminar quando ficarmos fascinados por Deus. Não é o maior mandamento de todos "Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração . . ."? (Mateus 22:36-39). Quando um amor absoluto por Deus nos tirar de um absoluto amor próprio, libertar-nos-emos para amar os outros como nos amamos a nós mesmos. Até que isso aconteça, o tipo de amor próprio demasiado, que guia muitos homens, impossibilitará que jamais sejamos capazes de ver os interesses dos outros do mesmo modo que vemos os nossos próprios. O que isto diz é que somente Deus pode livrar-nos de nós mesmos e capacitar-nos a amar os outros de modo sem egoísmo. "Nós amamos porque ele nos amou primeiro" (1 João 4:19). Esta é a razão precisa por que nenhum homem que não olhou para a face de um Deus santo e amoroso, e caiu de joelhos em humilde gratidão, pode jamais praticar a regra de amor.
Este simples fato, muito provavelmente, explica porquê Jesus levanta de novo o assunto do amor ao próximo no contexto de Mateus 7. Ele pode ajudar-nos a entender o sentido do "pois" de nosso texto (7:12). Lloyd-Jones sente que Mateus 7:12 é uma volta ao assunto do julgar aos outros, e isto podia ser, mas é difícil tratar 7:6-11 como nada mais do que um parêntese. Parece mais provável que o Senhor está baseando sua instrução para o tratamento dos outros no gracioso tratamento que Deus dá a seus filhos (7:9-11). A misericórdia de nosso Pai e a generosidade para conosco não foi o que merecemos, mas o que desesperadamente necessitamos. Certamente, então, aqueles que têm recebido tal graça são exortados a tratar os outros, não na base do que eles merecem, mas do que eles necessitam. Então, Jesus fecha o núcleo de seu Sermão como ele o começou: com um apelo por uma verdadeira justiça que se revela num amor sem egoísmo pelos homens, um amor que repousa solidamente no gracioso amor de Deus por nós.

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